Lisboa Oriental (2019/2020) – webdoc Curso de Pós-Graduação em Culturas Visuais
A especulação imobiliária, a população flutuante e o aumento do custo de vida estão transformando o design das cidades, as relações entre os vizinhos e os deslocamentos. Lisboa Oriental é um projeto etnográfico realizado por meio da experimentação visual, sonora e digital durante um ano no bairro de Marvila. As dinâmicas de transformação urbana, associadas a processos de gentrificação ou a modelos de turistificação globais ou ainda à disseminação de condomínios de luxo fechados, fazem das cidades contemporâneas muitas vezes espaços de exclusão social. As políticas urbanas e de controle do espaço público têm vindo assim a desenhar o que alguns autores chamam de “cidades mercadoria”. Através duma cartografia do sensível com enfase nas relações, memórias, práticas e testemunhos dos habitantes de Marvila, este documentário interativo procura incentivar a reflexão sobre o bairro como território da memória. As relações de vizinhança manifestam-se como práticas de cuidado e de criação dos espaços públicos, sentidos e sensibilidades que estão a transformar o bairro. Este projeto foi realizado por estudantes e professores da Pós-Graduação em Culturas Visuais Digitais (ISCTE-IUL), com o apoio do Laboratório Audiovisual do CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia).
O Mediterrâneo somos nós (2018)
Ainda em 2018, o projeto O mediterrâneo somos nós coordenado por Filipe Reis e com a colaboração de Filipe Ferraz e Emiliano Dantas, com apoio da de um filme, uma instalação sonora e uma exposição de fotografia a partir de encontros e entrevistas com pessoas originárias de países da orla do mediterrâneo que vivem em Lisboa. Projeto com apoio da Fundação INATEL. https://cria.org.pt/pt/projects/o-mediterraneo-somos-nos
As pessoas presentes nesse ensaio fotográfico são oriundas de países ao redor do Mar Mediterrâneo. São imigrantes, de diferente idades, que escolheram viver em Lisboa. Trata-se de um grupo eclético que concordou em deixar-se fotografar, em oferecer a imagem de si.
Cada participante foi convidado a trazer um objeto do seu país de origem. O objeto, por um lado, teve a função de representar um pedaço/parte dos lugares em volta do mediterrâneo e, por outro lado, era um dispositivo de memória, para evocar o passado e para, em alguns instantes, transportar a pessoa até sua terra natal.
Na experiência fotográfica, existiu uma sinergia entre corpo e objeto, onde as partes foram unidas, tornaram-se prolongamentos. A fotografia foi a cola, amalgamou o ser e o seu passado, no presente, olhando para o futuro. O combustível para essa interação foi os sentidos, a visão, o tato, a respiração, a pele e tudo aquilo que poderia ser dado pelo corpo. As imagens iam surgindo ao passo que a memória ia sendo ativada, foi um mergulho poético nos fragmentos da vida que nos tornam humanos, seres culturais.