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O CIRCULO CULTURAL: “A gente era feliz e não sabia!”

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As imagens foram produzidas durante as ações do projeto de extensão (ProEx-UENF) “Políticas públicas e espera: ações para garantia e preservação de direitos em Programas Habitacionais”, coordenado pela Prof.ª Teresa Peixoto Faria (LEEA-CCH-UENF). O projeto, iniciado em 2016, teve por objetivo acompanhar o processo de espera pela entrega das mordias, a mudança e o cotidiano dos moradore.a.s removido.a.s da antiga favela Inferno Verde, em 2011/12, no conjunto habitacional da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes (PMCG). O conjunto, por ele.a.s batizado de Residencial João Batista, construído no bairro Lapa, só foi entregue em 2019.

As atividades de extensão e de pesquisa participativa foram desenvolvidas em diálogo com os moradore.a.s que, desde o início, se mostraram atore.a.s e autore.a.s de sua própria história.

Ao longo do convívio de quase 10 anos (a pesquisa começou em 2013), durante as devolutivas, exibíamos fotografias. Cada encontro nos revelava o quanto rever os registros em imagens de momentos vivenciados por ele.a.s, despertava a memória e emoções.

Na exposição “Refazendo os caminhos da espera: da Inferno Verde ao Residencial João Batista”, que montamos, em maio de 2022, no pátio do Residencial, os moradore.a.s admiravam, tocavam e comentavam sobre as fotos. “A gente era feliz e não sabia!” Frase banal que moradores.a.s, inclusive os jovens, repetiam como um refrão, denotando um saudosismo de um tempo que não voltará jamais, confirmando o quanto a fotografia produz momentos de diálogos ricos em troca de emoções, experiências e conhecimentos.

O “Círculo Cultural” foi organizado com o intuito de compreendermos, a partir da perspectiva do.a.s moradore.a.s, o processo de transformação ocorrido. Convidados a participarem enquanto autore.a.s, ao redor de uma mesa onde dispomos, aleatoriamente, 32 imagens, o.a.s participantes escolhiam as imagens sobre as quais gostariam de falar. Assim, fazendo as suas próprias interpretações das fotografias, nos transmitiam as suas experiências, vivências, sentimentos, ao mesmo tempo que narravam e construíam a sua própria história.

IMAGENS

1. Favela Inferno Verde antes de ser demolida

2. Favela após demolição

3. Manifestação para entrega dos apartamentos

4. Mudança dos moradores para o residencial João Batista

5 a 9. Exposição fotográfica “Refazendo o caminho da espera”

10 a 14.O “Círculo Cultural”

15.Presente/passado/futuro: narrativa

Favela Inferno Verde

A favela Inferno Verde, demolida em 2012, integrava o cordão de favelas que, a partir dela, margeiam o rio Paraíba do Sul e a Avenida Adão Pereira Nunes em direção a sua foz. A construção do conjunto habitacional teve início em 2013. É importante ressaltar que, contrariamente ao que ocorre com a implantação de conjuntos habitacionais populares, o Residencial João Batista foi construído no mesmo terreno onde se localizava a favela, no bairro Lapa, nas proximidades da área central da cidade. A entrega das moradias (apartamentos) aos moradores só foi concretizada em 2019.

 

Lapa

O bairro, situado na margem direita do rio Paraíba do Sul, é contíguo à área central da cidade. Em 1748, na beira da bela curva do rio, em um lugar alto que se sobressai na paisagem da planície, foi erguido o prédio seminário/igreja Nossa Senhora da Lapa, que também funcionou como asilo para meninas órfãs, dirigido pela Santa Casa de Misericórdia de Campos. Em 1855, o industrial Francisco Saturnino Braga instalou, no bairro, a Companhia de Fiação e Tecelagem Campista, de frente para o rio e nos seus arredores, a vila operária.

* Bolsistas do Projeto de extensão: Camila da Silva Santos, Larissa dos Santos Silva, Lucas Ribeiro da Silva, Márcia Valéria da Silva Lima, Millena Manhães da Silva e Sharlene Manhães (voluntária)

REFERÊNCIAS

DANTAS, Emiliano Ferreira. A imagem enquanto leitura e escrita do mundo: leveleve” e a ferida colonial em São Tomé. Doutoramento em Antropologia. ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. 2021.

FARIA, Peixoto Teresa; FERREIRA, Diogo Cruz; ALVARENGA, Daiana da Silva. “Morar em condomínio popular: da Favela Inferno Verde ao Residencial João Batista, em Campos Goytacazes/RJ”. In: MOREIRA, Edma Silva; REPETTO, Maxim; TEIXEIRA, Simonne (Orgs). Diálogos críticos sobre sociedade e estado: reflexões desde o projeto de cooperação acadêmica na Amazônia.  Editora: UFPR, 2020. PP 288-313.

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